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Por que escolher uma carreira no mercado financeiro?

Atualizado: 4 de jul. de 2018



O mercado financeiro é um dos setores que mais atrai pessoas no início de suas carreiras. A fim de ajudar jovens pensando em entrar nesse mercado ou que queiram conhecer melhor, entrevistamos nosso mentor da Minuano, Roger, atualmente Associate no BTG Pactual.


1. Como funciona e o que é o mercado financeiro?


O Mercado Financeiro, de maneira simplificada, é um ambiente de compra e venda de valores mobiliários (ações, opções e títulos), câmbio e mercadorias (ouro, produtos agrícolas, etc). Neste ambiente existem diversos agentes (Bancos, Bolsas, etc.) e empresas que visam operacionalizar e oferecer produtos, soluções e assessoria para empresários e pessoas físicas que buscam investir seu dinheiro, transferir riscos (uma empresa que tem valores a receber em dólar e busca um hedge para não ficar exposto ao risco cambial, por exemplo), entre outros. Alguns exemplos conhecidos de instituições neste setor são:

  • Bancos de investimentos

  • Fundos de private equity

  • Bancos comerciais

  • Corretoras

  • Gestoras de investimentos

O universo é grande! Falaremos deles em um outro momento aqui no blog.


2. Quais são as características e habilidades necessárias para se trabalhar no mercado financeiro?


No ambiente do Mercado Financeiro, conhecido historicamente por ser muito dinâmico, altamente competitivo e com elevado nível de exigência, é muito importante ter a capacidade de trabalhar sobre pressão, saber lidar com diversas demandas ao mesmo tempo, resiliência para aceitar críticas e estar disposto a trabalhar diversas horas por dia, durante a semana e finais de semana inclusive. Para quem busca entrar nesse setor, é importante ter em mente que o início demanda um foco e dedicação especial à carreira, de forma que eventualmente será preciso abrir mão de tempo com a família, amigos e hobbies.


Quanto às habilidades, estas podem variar bastante entre as diversas áreas de atuação dentro deste setor. De qualquer forma, acredito que seja possível separar (de forma não exaustiva) em dois principais grupos: (i) habilidades analíticas e (ii) habilidades comerciais.


(i) Habilidades analíticas estão relacionadas a capacidade de organizar, criar e analisar modelos econômico-financeiros para avaliar ou sugerir oportunidades de investimento, além de sugerir estruturas e produtos financeiros.


Um exemplo claro seria a habilidade de um analista de fusões e aquisições em analisar e montar modelos de precificação de uma empresa, projetando expetativas de crescimento e outras variáveis, sugerindo o preço justo de compra de uma empresa e/ou a viabilidade de uma operação de fusão entre duas empresas.


Outro exemplo seria também a habilidade de um analista de fundo de renda fixa em projetar movimentações macroeconômicas do mercado e o impacto na taxa de juros, inflação e taxa de câmbio de um país para propor alocação de capital do fundo para buscar o retorno e risco desejado pelos investidores.


(ii) Habilidades comerciais estão mais relacionadas, mas não exclusivamente, as áreas desse mercado que focam no contato direto com o cliente para prospecção de venda ou compra de ativos. Um bom exemplo seria de um officer de crédito que busca empresas com necessidades de empréstimos, seja para financiar a compra de uma nova empresa ou a expansão de uma planta industrial. Seu principal foco é sondar o mercado e estar atento para oportunidades junto a sua base clientes e buscar novos clientes. Suas habilidades comerciais são necessárias para vender os produtos oferecidos pela instituição em que trabalha e identificar as necessidades e oportunidades junto aos seus clientes.


Importante ressaltar que essas habilidades comerciais não se limitam apenas a posições que trabalham diretamente com clientes externos, como exemplificado acima. Um analista financeiro, por exemplo, precisa, muitas vezes, apresentar suas ideias e propostas para gestores e sócios de empresas. Desta forma, trabalhar as habilidades comerciais para vender e expor suas ideias com clareza são igualmente importantes.


3. Quais as principais vantagens de uma carreiras no mercado financeiro?


Junto com o ambiente dinâmico e de elevada pressão, surgem também inúmeras oportunidades de crescimento acelerado de carreira. O nível de responsabilidade depositado sobre os profissionais e equipes, uma vez demonstrado a capacidade e competência para assumir tal responsabilidade, pode ser muito alto e, portanto, os resultados atingidos (sejam positivos ou negativos – lembram que falei do alto nível de pressão, certo?) criam o ambiente para crescimento acelerado de carreira e exposições ao Senior Management da empresa e de clientes. Não é incomum nesse setor que um analista se torne diretor ou sócio em um prazo de 5 a 7 anos, dependendo da sua performance e da empresa onde trabalha.


Adicionalmente, é muito comum enfrentar diversas situações, das mais corriqueiras às mais complexas, e ter de trabalhar em soluções inovadoras em prazos curtos. Esse tipo de exposição cria um ambiente de aprendizado acelerado, permitindo se desenvolver tecnicamente e pessoalmente em um curto espaço de tempo. Em ambientes menos dinâmicos esse tipo de aprendizado poderia levar anos.


Outro ponto que atrai muitos profissionais é a remuneração, uma vez que a média deste setor é historicamente acima da média de outros setores da economia.


4. E as desvantagens?


Sempre existe o outro lado da moeda... Da mesma forma que o ambiente de trabalho dinâmico e exigente cria inúmeras oportunidades de crescimento, o nível de cobrança e pressão sobre as pessoas é alto e é preciso aprender a lidar com esses fatores. É muito importante trabalhar o controle das emoções em situações de pressão e não se deixar impactar por elas nesses momentos. Para isso é muito importante ter pessoas e conhecidos a disposição para conversar e trocar experiências, como um mentor, por exemplo.


Adicionalmente, a carga horária de trabalho pode passar facilmente de 14 horas diárias, incluindo finais de semana. Isso exige, principalmente (mas não se limitando) nos primeiros anos de carreira, uma grande dedicação, onde é preciso abrir mão de tempo com amigos, família e eventuais hobbies. Com experiência e senioridade, a rotina tende a ficar mais leve, mas ainda assim acima da média de outros setores.


5. Que dicas você daria para quem pensa em seguir carreira nesse mercado?


Dicas existem várias, mas penso em 5 delas que ouvi e/ou gostaria de ter ouvido antes e depois de iniciar minha carreira em um Banco de Investimentos há 3 anos atrás:


(i) Fale com profissionais da área e conheça o mercado: O Mercado Financeiro é um ambiente com diversas oportunidades, empresas e agentes, como comentei anteriormente. Por esta razão é muito importante buscar pessoas do setor para conversar, aprender sobre o que fazem, como funciona e as principais características e perspectivas em cada uma das suas áreas de atuação. Conheça as empresas, os principais players e busque na sua rede pessoas que possam te colocar em contato com profissionais da área. Claro, não esqueça de fazer o dever de casa antes. Estude o setor e saiba o que gostaria de entender melhor!

Outra boa forma de conhecer o mercado é participando de programas de imersão e palestras para entender e direcionar melhor seus esforços de estudo e preparação para ingressar neste ramo.


(ii) Saiba qual a melhor porta de entrada: Uma vez identificado o interesse por uma área específica desse setor, identificar a principal porta de entrada é muito importante. Algumas áreas contratam majoritariamente estagiários, outras contratam através de programas de trainee para recém-formados, entre outros. Por exemplo, para quem tem interesse em Private Equity e Investment Banking, a principal porta de entrada geralmente são os programas de estágio onde, após selecionados, os estagiários trabalham de 1 a 2 anos até serem efetivados como analistas (caso performem bem) e seguem na carreira. Entrar diretamente como analista, sem experiência de estágio nestas áreas é mais raro, mas não impossível. Processos seletivos para formados em MBA também são comuns nessas áreas.


Por estas razões, torna-se essencial conhecer bem o melhor caminho de entrada e saber o momento certo de focar esforços. A conversa com profissionais da área (como mencionei anteriormente) é uma das melhores formas de descobrir qual o caminho e timing ideal de cada setor.


(iii) Estude e esteja preparado: no começo de carreira da maioria dos analistas que entram no mercado financeiro, a cobrança principal será com relação às suas habilidades técnicas e/ou comerciais (dependendo menos ou mais de qual área ingressar). Sendo assim, é muito importante buscar na literatura e no mercado formas de desenvolver seus conhecimentos. Para quem tem interesse em Corporate Finance, por exemplo, existe uma extensa literatura disponível sobre o tema (basta uma busca na Amazon.com e poderão localizar diversos livros). Adicionalmente, o material do professor Aswoth Damodaran (100% grátis) no seu site e vídeos de suas aulas na New York University (NYU) no Youtube são um bom ponto de partida para quem quer aprender ou conhecer melhor essa área.


Existem igualmente certificações que visam formar o conhecimento técnico/analítico para analistas financeiros, como o CFA – Chartered Financial Analyst, uma certificação internacional dívida em 3 níveis onde, em média, apenas 11% dos candidatos são aprovados até o último nível. Vale dar uma olhada no currículo. Esta certificação está disponível para alunos a partir do último ano da faculdade.


Importante também estar afiado para os processos seletivos, que são extremamente competitivos. Aqui no blog você pode encontrar posts que te ajudarão a se preparar e ter um currículo excelente para impressionar os recrutadores (Link 1, Link 2 e Link 3)


(iv) Esteja aberto para conhecer: Esse ponto falo por experiência própria, pois quando ingressei no mercado financeiro minhas principais áreas de interesse eram Private Equity e Investment Banking. Hoje trabalho na área de Special Situations, estruturando operações envolvendo empresas em situações de dificuldade financeira e uma gestora de recuperação de créditos inadimplentes. Muito do que faço envolve diretamente a análise de empresas e investimento de capital em operações de alto risco e retorno. Há 3 anos atrás, não tinha conhecimento algum sobre essa área. Por isto ressalto a importância de falar com pessoas do setor e sempre estar aberto para conhecer novas oportunidades, pois o universo é extenso e está em constante mudança.


Outro exemplo são as Fintechs. Hoje em dia se fala muito nesses startups que oferecem produtos financeiros e competem com Bancos na oferta de produtos e serviços. Há alguns anos esse setor era menos conhecido e hoje estão como uma das principais tendências. Já estudou sobre elas?


(v) Você vai errar! Saiba disso e aprenda com isso: Esse conselho se aplica a qualquer um em qualquer setor, mas incluo nessa lista dado o volume de críticas e questionamentos que você irá enfrentar ao ingressar nesse setor. As críticas e erros serão parte do seu dia a dia e é importante estar aberto a buscar sempre um aprendizado em cada uma delas. Absorva feedback e faça melhor na próxima vez. Isso não significa que qualquer erro ou muitos erros serão tolerados, mas como um gestor me disse uma vez: “Não tem problema errar, desde que o erro seja do seu tamanho”. Trabalhar e estudar para se aprimorar é essencial, mas tão importante quanto é aprender a gerir as frustrações para não deixar que elas impactem na sua performance, qualidade do trabalho e até motivação de trabalhar.


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Roger é Associate de Special Situations no Banco BTG Pactual. Antes disso, trabalhou como Engenheiro de Projetos na Airbus, Safran e Eurocopter. É formado em Engenharia Elétrica pela UFRGS e Engenharia de Produção pela École Centrale Nantes. LinkedIn

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